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Receber um diagnóstico de câncer de mama pode trazer uma enxurrada de emoções e sensações difíceis de lidar. Muitas vezes, sentimentos como medo, insegurança, revolta e tristeza tomam conta do paciente. A Dra. Virgínia Barra, especialista em psicologia clínica e o psiquiatra Dr. Raphael Frizzero, explicam que é normal que a pessoa sinta que “a vida a traiu”, especialmente quando ela seguiu todas as orientações de prevenção e, mesmo assim, se depara com essa doença.

Mesmo com toda a prevenção, o corpo humano pode adoecer, e é importante lembrar que a promoção da saúde física e mental é essencial, mas não garante que o câncer não se desenvolva. Esse sentimento de frustração precisa ser acolhido, e a ajuda psicológica se torna essencial para lidar com essa realidade.

A importância do suporte emocional

Muitas pessoas que recebem o diagnóstico de câncer de mama enfrentam um tipo de luto antecipado. Esse luto não é necessariamente pela perda da vida, mas pela perda da saúde e das expectativas que a pessoa tinha para o futuro. A Dra. Virgínia ressalta que não se deve “empurrar esses sentimentos para debaixo do tapete”. Eles precisam ser reconhecidos e trabalhados, e é aí que a psicologia entra como um suporte fundamental.

O acompanhamento psicológico durante o tratamento oncológico não é uma regra, mas pode fazer uma enorme diferença. Estudos mostram que pacientes que recebem suporte psicológico desde o diagnóstico apresentam uma redução nos sintomas de ansiedade, estresse e depressão ao longo do tratamento. Embora não seja obrigatório, buscar esse tipo de ajuda pode contribuir muito para a qualidade de vida do paciente.

Câncer de mama e autoestima

O câncer de mama mexe diretamente com a imagem corporal, especialmente para as mulheres. Mesmo com a possibilidade de reconstrução mamária imediata, a relação da mulher com o próprio corpo pode ser abalada. A psicologia trabalha justamente para ajudar essas pacientes a manterem sua essência e identidade, apesar das mudanças físicas. Além disso, a queda de cabelo, que é comum em muitos tratamentos, também afeta a autoestima e a forma como a pessoa se enxerga.

Ter um acompanhamento psicológico durante esse processo ajuda a preservar a subjetividade da pessoa e a lidar com as alterações na aparência de maneira mais tranquila, reforçando que a essência vai além da aparência física.

Como apoiar alguém em tratamento

É comum os amigos e familiares quererem ajudar, mas não saberem como. A principal dica é estar presente. Nem sempre você precisa saber o que dizer. Às vezes, apenas segurar a mão e demonstrar que está ali já é um grande conforto para quem está passando pelo tratamento.

Evite frases clichês como “isso vai passar” ou “não chore”. Esses sentimentos precisam ser vividos e respeitados. A melhor forma de ajudar é oferecer apoio prático e emocional, estando disponível quando a pessoa quiser conversar ou precisar de alguma ajuda nas tarefas do dia a dia.

O impacto na família e nos cuidadores

O câncer não afeta só o paciente, mas também todos ao redor. Os familiares e amigos muitas vezes vivem o sofrimento junto com o paciente, o que pode ser extremamente desgastante emocionalmente. A sobrecarga emocional dos cuidadores também precisa ser levada em consideração. É importante que outros membros da família ou amigos ofereçam ajuda para dividir as responsabilidades, garantindo que o cuidador principal também receba apoio.

A capacidade de lidar com uma doença não está só na ausência dela, mas na forma como reagimos a ela. Ter uma rede de apoio forte e recursos emocionais para enfrentar esse momento é fundamental para passar por essa fase da melhor forma possível.

Quando a pessoa não aceita ajuda

Existem casos em que a pessoa diagnosticada prefere se isolar e recusa qualquer tipo de apoio. Nesses momentos, é importante respeitar o espaço dela, mas sempre deixar claro que você está por perto, disponível quando ela se sentir pronta para conversar ou aceitar ajuda. Isso pode fazer toda a diferença no tempo certo.

Aceitar o diagnóstico facilita o tratamento?

A aceitação do diagnóstico é um processo difícil, mas pode ser essencial para melhorar a saúde mental ao longo do tratamento. Ninguém está feliz com o diagnóstico, mas é possível, com o tempo, encontrar um caminho de conciliação com a realidade. Aceitar a situação, por mais dura que seja, traz mais serenidade para enfrentar o tratamento e seguir em frente.