Atendimento presencial e on-line

O câncer é uma condição que traz um impacto profundo na vida de qualquer pessoa. Ao receber o diagnóstico, muitos sentimentos vêm à tona, como medo, ansiedade e até negação. A forma como lidamos com essas emoções pode influenciar diretamente nossa saúde mental, e por isso, é essencial buscar apoio e orientação desde o início do tratamento.

No dia 27 de novembro, celebramos o Dia Nacional de Combate e Luta Contra o Câncer, e essa data é uma oportunidade de refletir sobre como podemos ajudar aqueles que enfrentam essa batalha, tanto do ponto de vista médico quanto emocional. Os especialistas Dr. Rafael Frizzero e a psicóloga hospitalar Dra. Gabriela Nogueira esclarecem questões sobre como o apoio psicológico pode ser fundamental em momentos como este.

O impacto emocional do diagnóstico de câncer

Receber um diagnóstico de câncer é algo que, de fato, pode causar um choque. Os sentimentos mais comuns incluem medo, ansiedade, e um sentimento de perda de controle. Como a doença é carregada de um estigma muito negativo, isso pode gerar um turbilhão de emoções. O medo da morte e a angústia com relação ao tratamento, que muitas vezes é retratado na mídia como doloroso e difícil, fazem com que as pessoas se sintam ainda mais vulneráveis. Quando o diagnóstico chega, é comum se deparar com uma avalanche de exames, novos procedimentos e um futuro incerto.

Um dos primeiros passos é confiar na equipe médica e esclarecer todas as dúvidas que possam surgir. Muitas vezes, os pacientes têm medo de questionar os médicos ou não entendem completamente as orientações recebidas, o que pode gerar uma ansiedade desnecessária. Por isso, é essencial que o paciente se sinta confortável para perguntar e esclarecer qualquer ponto.

Cuidado com comparações e excesso de informações

Quando o diagnóstico é confirmado, é comum que as pessoas busquem informações sobre o câncer na internet ou se comparem com outras pessoas que passaram por experiências semelhantes. Isso, porém, pode ser prejudicial, pois cada caso é único. Além disso, o excesso de informações pode aumentar a ansiedade, fazendo com que o paciente antecipe sintomas ou efeitos colaterais que talvez nunca venham a ocorrer.

A importância do apoio psicológico desde o início

Embora muitas pessoas só procurem apoio psicológico após os primeiros impactos do tratamento, o ideal é que o acompanhamento psicológico comece desde o momento do diagnóstico. A forma como cada paciente lida com a notícia de que tem câncer pode afetar profundamente a escolha do tratamento e o enfrentamento do processo como um todo. Mesmo que a pessoa não sinta que está sofrendo emocionalmente, é importante que o psicólogo ajude a identificar possíveis formas de enfrentamento que não são tão saudáveis, como a negação, e ajude a preparar o paciente para as difíceis escolhas que virão.

Como lidar com as emoções intensas durante o tratamento

Durante o tratamento, o paciente pode passar por uma montanha-russa de emoções. Existe o que chamamos de “estratégia da muralha”, em que a pessoa tenta se mostrar forte e positiva o tempo todo, mesmo que por dentro esteja passando por momentos de tristeza ou medo. Esse comportamento é comum, mas é essencial que o paciente consiga se permitir sentir essas emoções. O psicólogo pode ajudar a validar esses sentimentos e mostrar que é completamente normal passar por isso. A ideia de que é preciso estar sempre “bem” pode ser uma grande pressão, tanto para o paciente quanto para os familiares.

Por outro lado, quando o paciente adota uma visão muito negativa sobre sua condição, pode começar a enxergar o tratamento de forma distorcida, acreditando que as coisas vão piorar a todo momento, mesmo que não seja esse o caso. Isso pode levar a um estresse desnecessário e até afetar o sucesso do tratamento. A visão do paciente precisa ser equilibrada, e por isso, o acompanhamento psicológico também é importante para ajudar a manter a percepção realista do que está acontecendo e evitar o pânico.

O papel dos familiares no apoio emocional

A ajuda da família também é fundamental, mas é preciso ter cuidado com o excesso de otimismo forçado. A intenção de querer fazer o paciente se sentir melhor pode, muitas vezes, ignorar a dor emocional que ele está vivendo. Quando um familiar diz “vai dar tudo certo”, muitas vezes isso pode não ser o que o paciente quer ouvir naquele momento. Ele pode estar buscando algo mais realista, como uma conversa sincera sobre os medos e as incertezas que surgem com o diagnóstico. Validar os sentimentos do paciente e oferecer apoio emocional genuíno, sem a pressão da positividade excessiva, é o que mais importa.

Como ajudar de forma eficaz

Uma dica importante é a de estar presente, ouvir o que o paciente realmente precisa e estar disposto a acolher suas emoções. Não se trata de negar a dor, mas de entender que ela é parte do processo. Em alguns casos, um simples abraço ou uma conversa aberta pode ser mais eficaz do que qualquer palavra de otimismo forçado.

Enfrentar o câncer é um desafio para o corpo e a mente. Por isso, ao lado dos cuidados médicos, o apoio psicológico tem um papel fundamental no enfrentamento dessa doença. Seja buscando equilíbrio emocional ou ajudando a lidar com as adversidades do tratamento, a presença do psicólogo é uma peça chave para que o paciente tenha as ferramentas necessárias para lidar com essa fase tão difícil.

Se você ou alguém que você ama está passando por isso, lembre-se de que procurar ajuda emocional é um passo importante para o bem-estar e para a adesão ao tratamento. A saúde mental deve ser priorizada, e o apoio psicológico é um aliado essencial para lidar com a complexidade emocional do câncer.