Setembro Amarelo é um mês que se destaca na sensibilização sobre a prevenção ao suicídio, mas é fundamental que essa conversa se estenda ao longo do ano todo. O suicídio ainda é um tema tabu em muitas sociedades, incluindo o Brasil, e precisamos mudar essa perspectiva. Como apontaram os especialistas, Dr. David Sender e Dr. Júlio Mazoni, falar sobre o suicídio de forma responsável e informada é fundamental para a sua prevenção.
Historicamente, o suicídio foi tratado de maneira condenatória, seja por perspectivas religiosas, teológicas ou até jurídicas. Entretanto, o entendimento moderno é muito mais abrangente, considerando o suicídio como um fenômeno complexo, com causas que podem ser biológicas, sociais e psicológicas. É importante destacar que o suicídio é a segunda principal causa de morte evitável entre jovens, perdendo apenas para acidentes de trânsito. A cada 40 segundos, uma pessoa se suicida em algum lugar do mundo.
Por que precisamos falar sobre o suicídio?
O silêncio é um dos principais obstáculos para a prevenção. Muitos acreditam que falar sobre o tema pode incentivar atos suicidas, mas os dados mostram o contrário. Discutir o assunto de maneira adequada, sem sensacionalismo, pode ajudar a desmistificar os tabus e estigmas associados ao comportamento suicida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), campanhas que abordam o suicídio de forma informativa e sensível têm um impacto positivo na prevenção.
A mídia, por exemplo, desempenha um papel crucial. Enquanto uma cobertura irresponsável pode aumentar o risco de imitação, seguir orientações estabelecidas por organizações como a OMS ajuda a promover uma conscientização saudável e preventiva.
É possível identificar os sinais de um possível suicídio?
Embora não haja uma fórmula específica para prever quem cometerá suicídio, existem sinais e fatores de risco que podem ser identificados. Entre eles estão o histórico familiar de suicídio, transtornos mentais como depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), bipolaridade, esquizofrenia, além de fatores como doenças crônicas ou eventos traumáticos recentes.
Os sinais comportamentais também são importantes: expressões de desesperança, sensação de ser um fardo para os outros, comportamentos arriscados ou preparatórios (como escrever cartas de despedida) e aumento do isolamento social. Contrariando o senso comum, muitas pessoas que consideram o suicídio verbalizam suas intenções, o que reforça a importância de estarmos atentos e abertos para ouvir.
Como ajudar?
Se você identificar esses sinais em alguém, ou mesmo em si mesmo, a recomendação é agir com empatia, sem julgamentos. O acolhimento e o incentivo à procura de ajuda especializada, como psiquiatras e psicólogos, são passos fundamentais. Existem também recursos como o Centro de Valorização da Vida (CVV), disponível pelo telefone 188, que oferece apoio emocional gratuito.
A psicoeducação é outro elemento essencial na prevenção. Conhecer os próprios sintomas e entender o funcionamento mental e emocional ajuda na adesão ao tratamento e na gestão das crises. No Espaço Calmamente, por exemplo, a abordagem psicoeducativa é uma parte vital do trabalho com os pacientes, auxiliando-os a se tornarem especialistas em si mesmos.
Aceitar ajuda é fundamental
Apesar das campanhas que incentivam a procura por ajuda, é crucial que a mensagem vá além: aceitar a ajuda oferecida é igualmente importante. Muitos pacientes não procuram ajuda por falta de motivação, informação ou devido ao estigma associado ao tratamento de saúde mental.
Que este mês de setembro, e todos os outros meses do ano, sejam oportunidades para falar abertamente sobre o suicídio, promover a conscientização e incentivar a busca por ajuda. Falar é prevenir.
Saiba mais: https://www.setembroamarelo.com/